McDonals

Chegando no estabelecimento, Chiharu olhou em volta e logo seguida para o painel onde disponibilizava o cardápio. Ficou alguns segundos olhando até se decidir. ー Vou querer o lanche 2, refrigerante e batata média. E você? ー Acabou soltando-o para poder procurar o dinheiro em sua bolsa e deixar com que ele escolhesse mais a vontade.

Entrando depois dela na lanchonete, o loiro deixou que ela escolhesse primeiro, ao ver ela pegando o dinheiro na bolsa ele ficou um tanto rubro, colocou a mão no ombro dela. — Por que não vai escolhendo a mesa? Eu pago, fica pelo café da manhã, certo? — Assumindo que ela iria aceitar o cavalheirismo (não é machismo carai q) o loiro foi até o balcão e pediu o que ela queria com um refrigerante e o mesmo para ele, esperando então o pedido ficar pronto.

De inicio apenas o encarou com olhos semicerrados, afinal não via problema algum em pagar a própria comida (já que é menina rica q). Mas como não queria discutir em público, e muito menos deixa-lo desconfortável, ela apenas fez um sinal positivo com os dedos e deu um sorriso em agradecimento. Depois seguiu para uma mesa mais afastada das que estavam ocupada, onde dava visão para a rua e era próxima a parede. Para espera-lo ela pegou o celular e começou a jogar.

— Certo, esta aqui. — Disse ao colocar na mesa a bandeja, o loiro foi até o caixa uma ultima vez para pagar os lanches, voltando então para a mesa, sentou a frente da garota enquanto pegava seu lanche.

— Parece estar bom... Saudades desse tipo de comida.

Deu pausa no jogo assim que viu ele colocando a bandeja na mesa, mas esperou que ele voltasse para então começar a comer. ー Pois é, pelo visto os japoneses não conhecem as maravilhas do fast food. ー Após pegar uma batata frita e coloca-la na boca, pegou o lanche e começou a retirar o papel da embalagem. Foi então que despertou uma curiosidade, algo que deveria ter sido o básico a se perguntar, mas ela nunca chegou a questionar. ー Sam, parando pra pensar você ainda não me disse de qual cidade você é. Vai que moramos na mesma cidade e já nos vimos por acaso! Não seria engraçado? ー Só a ideia lhe fez rir enquanto ela ainda ajeitava o papel do hambúrguer. Enquanto esperava a resposta, ela deu uma mordida e ergueu os olhos para encara-lo.

O loiro mordeu o lanche e enquanto mastigava tentava não olhar para a garota, sentia uma certa vergonha na forma das pessoas comerem e por isso mantinha o olhar para o lado de fora, usando o reflexo do espelho para ver vez ou outra a garota, ao ouvir sua pergunta foi no momento que engoliu a primeira mordida. — Ahn.. Eu sou de Ohio, pode-se dizer que sou uma espécie de caipira... E você? — Ao responder voltou o olhar em direção a ela esperando assim sua resposta.

Ao ver que seu olhar fixo poderia estar incomodando ela abaixou a cabeça e pegou mais uma batata. Então ouviu a resposta e torceu o nariz na tentativa de reprimir uma risada. ー Você não faz o tipo caipira. Ou melhor, faz sim! ー Dessa vez não teve como não rir, pois de fato a timidez em excesso poderia ser facilmente explicada com aquilo. Mas quando percebeu que poderia ter soado rude ergueu a Palma da mão. ー Obviamente foi um elogio! Digo, isso tem seu charme, certo? ー Então pegou o copo de refrigerante e tomou um gole enquanto preparava a resposta de sua pergunta. ー Sou de Nova York, mas achei que soubesse disso.

Sabia que revelar sua cidade de origem ia causar as risadas dela, já acostumado com aquele tipo de reação da garota, acenou com a cabeça como se concordasse com ela. — É, realmente eu sou bem tímido pra alguém que mora na cidade grande.

Nova York realmente era um lugar grande, a cara dela, um sorriso ainda permanecia nos lábios do loiro enquanto pegava uma batata frita e comia, após isso falava. — Você realmente tem cara de uma Nova Iorquina, não o lado ruim, mas o lado bom, e é parte do seu charme.

Balançava a cabeça conforme ele falava, concordando com o rapaz. ー Mas sabe, mesmo assim se tirar sua timidez você não parece alguém do interior. Você estudou fora ou algo assim? ー Após deixar o hambúrguer na bandeja, ela levou a mão até o cabelo para prender em um coque frouxo apenas para que os fios parassem de atrapalhar quando fosse morder o sanduíche. Então voltou a comer enquanto esperava sua resposta.

— Bom, eu estudei um pouco em muitos lugares..-- — Notou que poderia estar falando demais, ficou sério por um momento mas fez o possível para que ela não percebesse, o loiro pegou o refrigerante e tomou um gole enquanto se ajeitou, olhando para o lado de fora.

— Sabe que não sinto falta? Sei que lá é muito bom e tudo mais, mas aqui é meu lar. — Voltou o olhar para a garota com o rosto um pouco rubro. — Vocês são meu lar.

Saber que suas palavras eram sinceras, pois era bem obvio se tratando do rapaz, fez com que um sorriso aliviado surgisse em seus lábios, pois por mais que convivessem por tanto tempo era bom ouvir tais coisas. Mesmo assim ela percebeu certo desconforto e relutância em falar sobre algum assunto, provavelmente mais um campo minado que acabou chegando perto de explodir. O sorriso diminuiu consideravelmente a ponto dela abaixar a cabeça e encarar o refrigerante enquanto mexia no canudo. Entendia parte de seu desconforto, afinal estavam ali não apenas para se dar uma folga, mas também porque procuravam fugir de sua realidade, esse era o caso de todos que eram abrigados por JiMyung, não existia exceções. E além disso não era idiota, podia ver claramente que ele carregava consigo um fardo muito mais pesado do que um simples sorriso tímido podia esconder. Ver que ele ainda não se sentia a vontade para falar de certa forma a incomodava mais do que deveria ou do que achava que iria, mas mesmo assim decidiu não tocar no assunto. Não antes que ele se sentisse a vontade de tocar. Sua vida antes do Japão, toda sua historia era conhecida apenas por JiMyung, tanto Noriko quanto, queria acreditar, Sean não sabiam da historia completa. Seus pais estavam mortos e era isso. Mas não era a verdade completa. Um suspiro pesado escapou do lábios que logo se fecharam e pressionaram numa forma de sermão interno. Não deveria estar pensando nessas coisas, muito menos naquela hora não importasse o quão difícil fosse manter um sorriso constante por tanto tempo. Então se contentou em manter o pequeno que ainda estava ali e erguer a cabeça enquanto voltava a comer. ー Entendo como se sente. Mas também, tendo um Mc aqui acho que não tenho do que sentir falta de lá!

Terminava o lanche, o loiro respirou fundo enquanto terminava também seu refrigerante, seu olhar voltou em direção aos da garota. — Eu estava pensando... Não precisamos tentar ficar remexendo um o passado do outro certo? O que ele importa? Passou. Eu vou focar em te conhecer, em ser seu amigo daqui pra frente e quero que no futuro meu passado seja feliz por ter passado tempo com vocês. — Referia-se a todos da casa, mas realmente ficou vermelho ao notar as palavras que falava, eram palavras um tanto estranhas, não conseguiu manter contato visual por mais tempo, virando o rosto em direção a rua, encarando o local mas vez ou outra voltava o rosto para sua própria mão.

— Se--... Se você permitir, né, não vou forçar a ser seu amigo, e também não quero sair lá da casa, mas... Eu gosto de todos vocês. — Disse um tanto sem jeito, seu rosto já estava vermelho a algum tempo, tentou forçar um riso sem jeito, por um segundo o loiro esqueceu completamente do seu passado, das suas perdas e decepções. Samuel notou o horário pelo fato de não ser o mesmo período a qual haviam chegado, voltando o olhar para o relógio da parede do local. — Nossa, o tempo passou voando... Acho que devemos voltar, certo? 

Ela o encarava com certa surpresa enquanto terminava seu lanche e ficava beliscando o refrigerante. Embora tivesse ficado extremamente feliz, o que fez com que seu sorriso voltasse a aumentar, com tudo o que ele tinha dito ela ainda sentia que algo ali estava errado. Um incomodo com o qual podia se acostumar já que ele parecia realmente querer seguir em frente. Então resolveu deixar o assunto e a curiosidade morrer. Assim que terminou o refrigerante e o deixou em cima da bandeja, ela se levantou da poltrona e pegou a bolsa, colocando-a em seu ombro e soltando novamente o cabelo enquanto o esperava. Pode ver pela janela que o tempo tinha mesmo corrido a ponto de já ter anoitecido, então estava mais do que na hora de retornar. E como não queria deixa-lo sem uma resposta a altura ela ergueu a mão em sua direção, esperando que ele levantasse para que pudesse voltar a enlaçar seu braço.  ー O que está dizendo? Você já se tornou meu melhor amigo a muito tempo, não tenho mais como escolher, certo? Por tanto vamos voltar pra casa e assistir um filme. Que não seja de terror!

Se levantou após ela, Samuel ouvia as palavras da garota com uma certa atenção extra, riu ao ser citado como melhor amigo e então acenou com a cabeça, estendeu o braço para que ela segurasse em tal enquanto caminhava para fora do estabelecimento. — Sim, e você é minha melhor amiga. Só que acho que tenho que recusar o filme, preciso treinar, mas creio que Samsung vai aceitar tranquilamente. — Riu ao se lembrar da garota e de como elas eram próximas, o sorriso malicioso se formou nos lábios de Samuel enquanto tentava esconder a timidez por estar tão próximo a ela.